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13 de novembro de 2011

Direto do Piaui, o exemplo de que investindo no professor tudo acontece

Do Educar para crescer:

A lição do Piauí

A escola campeã no ranking do MEC segue uma cartilha que deu certo em outros países: investe nos professores

 
Fica no Piauí a melhor escola de ensino médio do Brasil, de acordo com o recém-divulgado resultado do Enem - exame aplicado a 2,7 milhões de estudantes pelo Ministério da Educação (MEC). De 21.000 escolas públicas e privadas avaliadas no Brasil inteiro, o Instituto Dom Barreto, uma particular da capital, Teresina, destacou-se como exemplo de excelência. A campeã de Teresina surpreendeu os especialistas por duas razões.

Em primeiro lugar, por ter sido revelada num estado paupérrimo, cujas escolas - públicas e particulares - costumam ficar entre as piores do Brasil nesse tipo de exame. No Enem, enquanto os piauienses patinaram numa nota ainda mais baixa do que a brasileira - 38,7 em 100, contra uma média nacional de 42,5 -, o Instituto Dom Barreto sobressaiu com a nota 74. Em segundo lugar, o que chamou atenção nessa escola foi o fato de ela ter reproduzido com sucesso no Piauí idéias que provaram ser eficientes em países onde a educação funciona, como Finlândia e Coréia do Sul. Diz a especialista Maria Inês Fini: "O problema no Brasil é que as escolas estão atrás de algo que não existe: uma fórmula mágica para o bom ensino". Não tem dado certo, como comprovou o Enem.

 O bom desempenho do Instituto Dom Barreto deve-se, em boa parte, ao investimento na formação e atualização dos professores. Eles não lecionam sem antes assistir a aulas com os próprios autores dos livros didáticos, contratados pela escola para ensiná-los a fazer o melhor uso do material. São obrigados também a reservar uma hora do dia à confecção de um detalhado roteiro para a aula. Uma visita ao Dom Barreto revela um fato ainda mais incomum: longe das lamúrias típicas da classe, os professores de lá se declaram satisfeitos - 80% estão na escola há mais de uma década.

Outro termômetro do contentamento geral vem de relatos como o da coordenadora Terezinha Ferreira, 42 anos, há dezoito no colégio. Ela conta que teve duas especializações e um mestrado patrocinados pela escola. Detalhe: ao longo de quatro anos, sua carga horária foi suavizada para que conseguisse dar conta dos cursos. "Eu relatava essa história a colegas de outras escolas e eles achavam que eu estava mentindo", lembra Terezinha. Os professores do Dom Barreto também concorrem a um prêmio anual, dado ao melhor profissional em sala de aula, com base nas notas dos alunos. O campeão deste ano receberá uma viagem à Europa. Ao contrário do que ocorre na maioria das escolas do país, o mérito é reconhecido - e estimulado. Os maus resultados, por sua vez, ficam em evidência.

A número 1 no Enem reforça, portanto, a eficácia de um tripé consagrado pela experiência internacional: combina metas curriculares bem estabelecidas, professores preparados para executá-las e um sistema desenhado para cobrar resultados. Não espanta pela originalidade, mas, sim, pelo pragmatismo - uma qualidade ainda distante das escolas brasileiras. A aplicação disciplinada de fórmula semelhante também ajuda a esclarecer o sucesso das escolas técnicas federais no ranking oficial. Na lista das 100 melhores na prova do MEC, treze se enquadram nessa categoria, entre elas a Escola Politécnica Joaquim Venâncio.

Além do currículo básico, elas preparam os estudantes para exercer um ofício de nível médio. São uma espécie de elite na rede pública: com mais dinheiro, atraem os melhores alunos e professores. Resume o especialista Claudio de Moura Castro: "Elas estão voltadas para os resultados - não têm espaço para conversa fiada nem discurso ideológico". Em comum, os estudantes das escolas técnicas federais e da campeã Dom Barreto permanecem oito horas em sala de aula - o dobro da média nacional (no caso do Piauí, paga-se mensalidade de 500 reais pelo pacote, até um terço do que cobram as melhores escolas de São Paulo). É no período extra que os alunos assistem a aulas de xadrez, grego antigo e geografia do Piauí, descritas com entusiasmo pelos alunos. Esticar a jornada de estudos contribuiu nas últimas décadas para a melhoria do ensino nos países desenvolvidos. O Enem indica que pode funcionar também no Brasil.
(*) Observação: Decorridos 4 anos dessa reportagem, o Instituto Dom Barreto continua entre as melhores do país.

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